Os Fuzis de Teresa Carrar no Sesc Glória!
- robertojunquilho
- 12 de dez.
- 2 min de leitura

Depois de encenações de rua, em Domingos Martins, o Grupo Z apresenta nesta sexta (12) e sábado, no Teatro Virgínia Tamanini, Sesc Glória, seu mais novo espetáculo, Os Fuzis de Teresa Carrar. A peça, baseada na obra de Bertolt Brecht (Os Fuzis da Senhora Carrar). dialoga com temas como resistência, consciência social e coragem diante dos desafios coletivos. A narrativa acompanha Teresa, que tenta proteger a família mantendo-se neutra em meio à Guerra Civil Espanhola, até que a violência bate à sua porta e transforma sua visão de mundo.
Além disso, o grupo realizará uma oficina e duas apresentações para estudantes da rede pública de ensino da capital. Todas as apresentações terão intérprete de Libras.
Conhecido por sua vasta obra com forte posicionamento político radicalmente à esquerda, Bertolt Brecht desenvolveu seu teatro épico, rompendo com o teatro ilusionista burguês. Enquanto este pretende criar a ilusão de realidade em cena, baseado na ideia de catarse, Brecht defende um teatro que se assume como tal e leva à reflexão e à ação do público em seu entorno. Para a montagem de Os Fuzis de Teresa Carrar, o Grupo Z partiu de estudos teóricos sobre o trabalho do dramaturgo, antes mesmo de ir para a sala de ensaio.
“O namoro do Z com o teatro épico do Brecht é antigo e permeia o trabalho do grupo praticamente desde seu início. Quando montamos Dom Casmurro, por exemplo, tivemos um grupo de estudo sobre o teatro épico, de forma geral, e do épico brechtiano, em particular, aliando teoria e prática. Na verdade, os estudos guiaram de forma bastante direta a montagem”, relembra o diretor e dramaturgo Fernando Marques.
Para além da estética, a proposta política e a ética do teatro brechtiano, que interessam especialmente ao grupo, também estão presentes no novo espetáculo, totalmente baseado na peça de Brecht. A história se passa na Andaluzia durante a Guerra Civil Espanhola e trata do dilema de Teresa Carrar, que, tendo perdido o marido durante sua luta na resistência ao franquismo, quer manter os filhos longe da guerra para não os perder também, acreditando que a neutralidade da família no conflito os preservaria da violência fascista.
“O espetáculo fala sobre a impossibilidade de neutralidade diante da opressão, da necessidade de resistir e lutar contra o que nos oprime”, pontua Fernando, que também identifica a proximidade do tema com o Brasil e o mundo atual. “Há quem defenda que a Guerra Civil Espanhola tenha sido um ensaio para a Segunda Guerra Mundial. Os nazifascistas teriam experimentado o seu poder, a resistência do resto do mundo e suas possibilidades. Ou seja, era o nazifascismo avançando sem que as democracias ocidentais pudessem – ou quisessem – contê-lo. Como a gente vê acontecendo agora. E o Brasil, infelizmente, tem papel de destaque nesse movimento mundial”, afirma.
Data: 12 e 13 de dezembro
Horário: 19h30
Local: Teatro Virgínia Tamanini, Sesc Glória
Classificação: 12 anos






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