top of page

Jovens negras ganham 102% menos que jovens brancas

  • robertojunquilho
  • 26 de nov.
  • 3 min de leitura

ree

 Jovens mulheres negras ganham 102% menos do que jovens brancas, aponta levantamento feito a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Os dados foram apresentados na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados, em debate que antecedeu a 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras – Por Reparação e Bem Viver, realizada na terça-feira (25), em Brasília.


A coordenadora da bancada feminina, a capixaba Jack Rocha (PT), também destacou a necessidade de aumentar a representatividade de mulheres negras para garantir o poder e a dignidade para toda a população. Para a deputada, a marcha representa a luta por um novo projeto de país.

“É um projeto político de país ocupar esse Plenário, fazer com que o orçamento nos caiba. É um projeto político de país, construir um Brasil antirracista, mas sobretudo que olhe para as mulheres negras com mais respeito, dignidade e com condições de transformar a política”, defendeu.


A ministra do Meio ambiente, Marina Silva (foto), destacou que a marcha “foi a retomada do movimento que ocorreu há dez anos, quando 100 mil mulheres marcharam contra o racismo, a violência doméstica, o feminicídio e em defesa da juventude negra. Este ano, com duas bandeiras: reparação e bem viver. A reparação é histórica, é a justiça tardia mas necessária até hoje pelo absurdo humano da escravização. O bem viver traz dignidade para as pessoas e o respeito pelo planeta e pelo futuro das novas gerações”.


Representantes do governo, da sociedade civil e de organizações da área de direitos humanos destacaram que a desigualdade racial e de gênero no mercado de trabalho brasileiro afeta de forma mais intensa as jovens mulheres negras, que recebem salários menores e enfrentam taxas de desocupação mais altas, se comparadas às jovens brancas.

Para Waldete Tristão, integrante do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), a juventude negra está mais sujeita à informalidade: 32,4% das jovens brancas ocupam vagas informais contra 40,8% das jovens negras.


Ela observou que, no terceiro trimestre de 2024, a taxa de desemprego entre jovens negras chegou a 16%, o dobro da registrada entre jovens brancos, e que 45,7% das mulheres empregadas estavam há menos de 1 ano no mercado de trabalho.

"Iniciativas de mobilização social e atuação política são essenciais para promover mudanças estruturais no enfrentamento das desigualdades de sexo e raça no mercado de trabalho", destacou Waldete.


Questão global


Barbara Barboza, da organização Oxfam Brasil, afirmou que 16,4% das mulheres negras estão desempregadas no mundo, indicando um cenário global de milhões de mulheres fora do mercado de trabalho.


Segundo ela, entre jovens, a taxa chega a 26% para aquelas que não estudam, não trabalham e não têm acesso a formação complementar. “Essa situação não decorre de falta de interesse, mas sim de barreiras estruturais”, ressaltou a representante da organização que atua em prol da justiça social.


Entre os principais obstáculos enfrentados por jovens mulheres negras, Barbara citou a dificuldade de conciliar trabalho e responsabilidades de cuidado, a persistência do casamento infantil no Brasil, a gravidez na adolescência e a baixa oferta de oportunidades de trabalho em âmbito local.


Nailah Neves Veleci, do Ministério da Igualdade Racial, citou iniciativas voltadas à ampliação da participação de pessoas negras, indígenas e quilombolas em espaços de decisão e em áreas estratégicas. Entre elas, destacou o programa Lidera GOV, que busca promover servidores desses grupos a cargos de liderança na administração pública federal.


A marcha


Com delegações de todos os estados brasileiros, a 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras encheu a Esplanada dos Ministérios, 10 aos depois da primeira marcha. No movimento, a luta racial é destacada pelas sociedades anônimas de guerreiras brasileiras, compostas por quilombolas, ribeirinhas, do campo, urbanas, periféricas, acadêmicas, artistas, trabalhadoras, meninas, mães, jovens e anciãs.


Além da marcha, houve sessão no Plenário da Câmara dos Deputados, presidida pela deputada Benedita da Silva (PT-RJ), primeira mulher negra eleita para a Câmara, em 1982, e deputada constituinte em 1988.

 
 
 

Comentários


bottom of page