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CPI do Crime vai ouvir Garotinho e presidente afastado da Alerj

  • robertojunquilho
  • 9 de dez.
  • 3 min de leitura
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A CPI do Crime Organizado aprovou por unanimidade, nesta terça-feira (9), a convocação de Rodrigo Bacellar, presidente afastado da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), e o convite ao ex-governador e ex-secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (foto). As datas das oitivas serão definidas nos próximos dias pela comissão. As oitivas ocorrem na etapa em que a comissão aprofunda a investigação sobre possíveis conexões entre estruturas políticas, agentes públicos e a atuação de facções criminosas.


Segundo o presidente da CPI, senador Fabiano Contarato (PT), as oitivas irão permitir compreender como decisões administrativas, relações políticas e eventuais omissões podem ter influenciado o avanço do crime organizado em território fluminense.

“As investigações têm mostrado que o crime organizado se fortalece quando encontra brechas dentro do próprio Estado. É nosso dever esclarecer quais estruturas favorecem esse processo”, afirmou Contarato.


Denúncia


Em entrevista ao jornalista Joaquim de Carvalho, da TV 247, o ex-governador e ex-deputado federal Anthony Garotinho fez denúncias graves e detalhadas sobre a situação da segurança pública e da administração financeira do Rio de Janeiro, classificando o cenário como uma “epidemia de corrupção no governo Cláudio Castro”.


Garotinho, que se apresenta como autor de notícia-crime que deu origem a investigações passadas — como as que atingiram Sérgio Cabral — afirmou que o nível atual de corrupção supera o observado em gestões anteriores.


Segundo Garotinho, o governador Cláudio Castro promoveu um “loteamento” de áreas-chave e também de setores periféricos do governo para garantir apoio político na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O mais grave, de acordo com ele, foi a entrega da segurança pública a negociações políticas, marcando “mais um capítulo lamentável” na história recente do estado.


Garotinho acusa o sistema penitenciário fluminense de ter se transformado em uma “espécie de escritório do Comando Vermelho (CV)”, de onde líderes do grupo criminoso dariam ordens e orientações para atividades diversas. Ele afirma que o CV ampliou sua atuação para além do tráfico de drogas, gerando lucro também com a venda de gás e de serviços de internet nas comunidades. O ex-governador mencionou ainda que um vereador eleito no Rio seria o “dono da internet das comunidades do Comando Vermelho”.

Pacto

Garotinho sustenta que existe um pacto entre o governo estadual e o Comando Vermelho. Ele apresentou quatro pontos que, segundo ele, demonstrariam essa relação: Proteção seletiva: Operações policiais concentradas em milícias e no Terceiro Comando, enquanto o CV seria “poupado” e teria ampliado seu território.


Liberação de líder: A saída de um dos chefes do CV, conhecido como “Abelha”, pela porta da frente de um presídio, atribuída oficialmente a um “erro no sistema”.


Acordo de tranquilidade: Um pacto para evitar ocorrências dentro e fora de presídios durante um grande evento no Rio, o que teria resultado em uma queda abrupta das estatísticas criminais no período.


Negociação de armas com o Exército: O caso mais grave, segundo Garotinho, teria ocorrido quando armas roubadas em Barueri (SP) foram localizadas na Rocinha. Em vez de uma operação para cercar a comunidade, o subsecretário de inteligência do sistema penitenciário, Leonardo Francisquin, teria negociado diretamente com líderes do CV no presídio para uma “entrega voluntária”. As armas teriam sido deixadas em um carro em Jacarepaguá, sem prisões.


“Se isso não for um conluio do governo com o crime, eu já não sei mais o que é”, concluiu Garotinho.


O ex-governador também mencionou a prisão recente do suplente de deputado conhecido como “TH Joias”, que teria ameaçado “contar tudo” caso não fosse solto até o final de novembro. Segundo Garotinho, parte das propinas pagas ao governador Cláudio Castro e ao presidente da Alerj, Rodrigo Bacelar, era proveniente de ouro adquirido junto ao chamado “rei do ouro”.

 

 
 
 

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